sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Um segredo argentino


Estar de férias é aquele negócio: os primeiros dias são maravilhosos, puro descanso e nenhuma preocupação com a vida, com a rotina. Após esses dias iniciais, começa a se procurar o que fazer. E ontem, nessa minha procura, fui escolher um filme.
Li algumas resenhas e despertou, entre as lidas, assistir ao vencedor do Oscar 2010 (melhor filme estrangeiro) o argentino “O segredo dos seus olhos.”
Assisti. E que maravilha de filme!
O filme apresenta um caráter policial, afinal já no início se convoca um crime a ser desvendado. A partir daí, o gênero policial se desmembra no lírico, no romântico, no drama e finaliza com um desfecho surpreendente e muito agradável.
Em tempos de acentuação dos filmes de Hollywood, vale a pena sair do mundo dos filmes comerciais e dar uma chance a outros de qualidade inegável. “O segredo dos seus olhos” cumpre justamente com essa obrigação artística a que se dispõe.
Embora com um orçamento baixíssimo para uma produção cinematográfica (cerca de 2 milhões de dólares), o que temos diante da tela é a superação dessa questão que poderia ser um ponto negativo e que, no entanto, é superada por um enredo que se costura inicialmente como clichê (assassinato e criminoso foragido) e termina surpreendendo. Além disso, contribui para arte do filme as grandes interpretações dos atores, principalmente a de Ricardo Darín, que interpreta o oficial aposentado Benjamín Espósito.
Espósito, após a aposentadoria, decide escrever um romance sobre um caso em que ele trabalhou no passado. O passeio pela memória de Benjamín Espósito nos leva ao passado argentino em meio ao governo Perón, estádio de futebol, bares e ruas de Buenos Aires.
As duas horas de filme expondo o que eu escrevi acima, são duas horas que passam realmente voando, tamanha é a genialidade dessa obra. Quem não viu ainda, veja. Não haverá arrependimento.
Já fazia um bom tempo que eu não via um filme desse calibre. Espero que no restante de minhas férias eu encontre outras preciosidades iguais a essa. Um bom filme sempre é bem-vindo.
Vitor Miranda