domingo, 4 de novembro de 2012

Meus cinco filmes

Dias atrás, numa conversa entre amigos, tendo filmes como temática, uma amiga perguntou-me quais eram meus cinco preferidos. Falei desse, daquele, de um outro filme, mas estava crente que havia alguma injustiça na minha relação. Não cheguei a falar de cinco, talvez uns três. Às vezes a memória se recusa a dar respostas. Pois bem, em casa, com menos cerveja e pressão, a memória resolveu ajudar e consegui selecionar meu top five.
            Claro que se fosse a lista dos dez mais seria mais fácil e, certamente, mais justo. Quanto menor a lista mais forte fica a sensação de que um ou outro poderia ter configurado entre os preferidos. Dessa forma, a muito custo, lá vão meus favoritos.
            Destaco primeiramente uma produção francesa de grande sucesso de público e crítica: O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Um filme que mistura a linguagem literária com a cinematográfica, faz da fotografia um mosaico e aos poucos vai ilustrando a frustração e a solidão. No filme, Audrey Tautou faz um papel quase que impecável na pele da protagonista Amélie Poulain. A moça usando sua argúcia e imaginação transforma, geralmente, para melhor a vida de quem a cerca. O tom humorístico pincelado ao dramático também fortalece a trama.
            Forrest Gump, o Contador de Histórias, é mais um dos selecionados. Um filme que me fascinou logo nos primeiros minutos. Forrest Gump, vivido por Tom Hanks, é um sujeito norte-americano que, praticamente, mesmo com um Q.I abaixo da média, vive todos grandes sonhos americanos: herói de guerra, esportista de destaque e empresário bem sucedido. O filme ainda traz uma das melhores trilhas sonoras já produzidas no cinema. Vários clássicos da terra do Tio Sam aparecem aqui. Vale conferir e curtir Bob Dylan, The Birds, B. J, Thomas, Elvis Presley, The Doors...
            Saindo de uma produção dos Estados Unidos e pulando o oceano, desembarco agora na Alemanha com o maravilhoso, dramático e engraçado Adeus, Lênin. Aqui narra-se a história de uma Alemanha prestes a perder o Muro de Berlin, muro que dividia o país em dois (acho que não é necessário dar uma aula de História sobre esse muro, certo?). Uma mãe adepta aos valores de sua Alemanha socialista sofre um colapso e, quando acorda, não pode mais sofrer grandes emoções, caso contrário pode ser fatal. Desse modo, como esconder dessa mulher que sua amada Alemanha socialista não mais existe? A partir daí começam as cenas hilárias do filme. O casal de filhos, principalmente o filho, faz de tudo, dramaticamente, para desenhar à mãe uma Alemanha Oriental que deixou de existir.
            Ainda na Europa, o belo, comovente e inteligente italiano A Vida é Bela, uma produção dirigida e estrelada por Roberto Benigni. O filme conta a história de um pai judeu que tenta mostrar (e consegue) ao filho que o nazismo nada mais é do que um jogo. Pai, mãe e filho estão num campo de concentração nazista. A fantasia é a ferramenta utilizada pelo pai. Benigni nessa produção não explora a pieguice infantil para fazer uma grande obra, mas sim a inteligência de um roteiro que se materializa no talento interpretativo. Esse, sim, mereceu o Oscar. Quem pensa que o filme apoia-se na pieguice comete um equívoco.  
            E para fechar essa seleção, volto aos EUA. Claro que não poderia faltar o magnífico Woody Allen. Embora eu goste muito de Meia Noite em Paris, há um mais antigo de Woody Allen que merece mais aplausos: Noivo Neurótico, Noiva Nervosa. É um filme cujo roteiro não é o que mais me chama a atenção. Nele é narrada a crise de relacionamento de um casal, daí o título bem sugestivo. Por se tratar de Woody Allen, é preciso mais observação para outros aspectos. A respeito de tais aspectos, é fácil entender por que ele disse certa vez que adora Machado de Assis. Destaco a construção das linguagens exploradas no filme. Há diálogo com o espectador, ironia, digressões, pessimismo, linguagem sutil, ácida... enfim, Woody faz cinema com ares literários machadianos.
            Não é fácil fazer uma seleção como essa, talvez ela até mude com o passar do tempo, porém creio que os cinco filmes aqui apontados merecem algumas palmas. Trata-se de uma lista globalizada: França, Estados Unidos, Alemanha e Itália. O cinema quando possui uma boa ideia pode estar em qualquer parte do planeta.
            O mundo sem a produção cinematográfica não seria impossível, mas a vida não seria tão bela, não é Roberto Benigni?
            Vitor Miranda