Vou muito a Ribeirão Preto. Dias atrás, lá, fui até ao ponto de ônibus para retornar para minha cidade, Serrana, e começou a chover. A espera durou quase vinte e cinco minutos, e, nela, a água que desabava do céu aumentava em boa proporção.
Um dos grandes problemas das cidades, principalmente as grandes, hoje em dia são as enchentes. À minha frente um córrego, um belo depósito para a água vinda da chuva, enchia e começava a ameaçar sua fuga para a avenida e mediações.
Ora, não sou nenhum especialista em construção, ainda mais em galerias, mas sei refletir: as cidades cresceram e crescem tanto que, onde sempre houve terra, agora há cimento e ferros.
Ribeirão Preto é um desses exemplos. A água que cai sobre a cidade não encontra terra suficiente para ser absorvida, pelo contrário, só encontra cimento alojado por baixo de árvores, ruas, casas e outros lugares. É evidente que o único lugar que resta é a superfície.
Quando houve o dilúvio, que se encontra na bíblia cristã, não havia a urbanidade de hoje, pode pensar um leitor mais atento e apontar tal acontecimento como um grande exemplo de enchente. É lógico que aquilo parece mais ter sido um castigo das forças divinas. (há quem creia nessa hipótese, a minha é outra mas não vem ao caso agora)
De qualquer forma, apontei o “acontecimento” bíblico para mostrar que há, aí, uma semelhança, que é o castigo. A chuva que inundava o córrego de Ribeirão Preto não era um castigo divino. Era e é castigo provocado por nós mesmos. Veio por meio dos pecados cometidos contra a falta de verde nas cidades, pelas queimadas e a grande emissão de gases poluentes doados todos os dias à atmosfera e meio ambiente.
Mas antes de fechar essa crônica, não posso deixar de relatar um pequeno fugitivo que vi correndo muito das águas provocadas por nós. Era um rato. (deve ter deixado a família pra trás, pois estava sozinho)
Não sei, mas tenho uma leve impressão que o roedor pensou que era o segundo dilúvio bíblico e devia encontrar a Arca de Noé rapidamente para salvar a espécie.
Vitor Miranda
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