Imagine a seguinte situação: você tem uma casa de cinco cômodos. Dois quartos, sala, cozinha e banheiro. Num determinado dia, alguém lhe impõe de modo draconiano que sua casa será dividida entre você e outro alguém. Esse alguém fica com os dois quartos e a sua sala. Qual seria seu sentimento e reação?
A situação acima é mais ou menos o que está ocorrendo entre Israel e Palestina desde 1947, data em que a ONU oficializou em terras palestinas o Estado de Israel. A casa, nessa situação, pertence à Palestina.
A guerra que está ocorrendo entre Israel e Palestina tem como fato principal o não reconhecimento por parte dos palestinos de que Israel é um Estado. Ocorre, entretanto, que há aqui uma disputa desleal. Israel, muito bem armada e apoiada por grande parte do Ocidente, principalmente pelos Estados Unidos, bombardeia diariamente o território da fraca Palestina, que nada tem de apoio e armas avançadas.
Por mais que se busque uma resolução justa para a causa, apesar de que raramente há soluções justas para uma guerra, sabemos o destino disso tudo. Israel com um armamento e apoio superiores aos da Palestina, tomará ainda mais territórios pertencentes aos palestinos. Como consequencia, Palestina ficará ainda mais enfraquecida e, numa provável e futura reação como esta que estamos presenciando da Palestina contra os judeus, a fraqueza palestina crescerá. O dono da casa perderá todos seus cômodos, todo seu território.
É difícil entender por que a ONU, criada para ter decisões acima da vontade de uma nação, não toma uma posição justa e explícita. De nada adianta por no papel que pediu trégua aos ataques contra os palestinos, que a cada dia precisam de covas e mais covas, principalmente para crianças e outros civis. A ONU precisa tomar uma atitude prática, de caráter objetivo para que a injustiça promovida pelos judeus de Israel não avance mais.
Apontar que os mulçumanos são terroristas, principais promovedores de ameaças ao mundo, é uma atitude totalmente descabida e infundada. As mortes que um terrorista promove em ataques são as mesmas que a globalização, tão glorificada pelas grandes nações, nos presenteia. O problema é que o sangue derramado em massa pelas bombas terroristas são mortes com causas explícitas. Agora, a ferrenha disputa em que vivemos devido ao sistema econômico que predomina no mundo, provoca mortes quase que indiretamente. Por vivermos numa selva em que não há vagas para todos trabalharem, terem um lar e outras necessidades básicas, disputamos com nosso semelhante um lugarzinho ao sol. Quem não consegue o lugarzinho ao sol procura de outras maneiras sobreviver. Sem trabalho, oportunidade, nasce uma porta para a criminalidade, para a violência. Nela o roubo, o sequestro, o estupro, agressão e o assassinato surgem provocando o mesmo efeito dos terroristas. Sendo um quadro muito bem maquiado as disputas de nosso dia-a-dia, é fácil apontar que o terrorismo mulçumano é ameaça maior ao mundo.
A cultura de qualquer povo deve ser respeitada. O Ocidente muitas vezes não aceita nem suas próprias diferenças, e quando o assunto é a cultura oriental, mais precisamente a dos mulçumanos, aí que essa aceitação é inexistente mesmo. É difícil aceitarmos que do outro lado do mundo há povos muitos diferentes de nós. Não aceitamos o deus deles mas queremos que eles aceitem o nosso. Se eles valorizam a morte, dizemos que eles são loucos. Impõe-se, como quase sempre, mais ou menos como fizeram com nossos índios, a troca do pensar. Tudo que é do outro culturalmente é sem valor, vale aquilo que é meu. O índio não enxerga mais no sol, na lua e na natureza os seus tradicionais deuses. Tudo lhe foi imposto. O mais fraco é obrigado a vender o que é seu sem nada ganhar.
O bombardeio israelita contra a Faixa de Gaza até parece uma vingança de um povo que muito sofreu durante a História. Acontece, no entanto, que estão bombardeando alvo errado por estarem num lugar que não lhes pertence.
O horror do holocausto sensibilizou o mundo durante a Segunda Guerra. Ver a intolerância contra os judeus, seres humanos sendo mortos pelo preconceito e, também, por invasões nazistas em territórios alheios, era inaceitável. A vítima, contudo, parece que virou algoz. O homem é uma criatura que procura aprender com os maus exemplos os maus exemplos, sendo que deveria aprender com os maus exemplos aquilo que não se deve fazer.
Vitor Miranda
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
O dono da casa
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