José Mujica, presidente uruguaio |
Não é de hoje
que se fala em descriminar ou não a maconha. É melhor legalizar? Manter ilegal?
As opiniões se dividem. É perceptível que a opinião pública, na sua maioria,
defenda a criminalização. Nossos vizinhos lá do sul, os uruguaios, recentemente
tiveram no país a legalização da maconha. E a respeito dessa legalização, o
poeta Ferreira Gullar – um ex-bom poeta – escreveu uma coluna ontem (12) na Folha de S. Paulo. Impressiona como a
sabedoria de Gullar não mais se faz presente no que ele produz.
O autor
apresenta em seu texto que o Uruguai em breve passará a fazer a festa dos
traficantes sul-americanos. Diz ele que a legalização uruguaia alimentará as
vendas ilegais, ou seja, fortalecerá o comércio ilícito na vizinhança na
América do Sul.
Muitíssimo
improvável que a profecia de Gullar se concretize. Qualquer sujeito minimamente
informado a respeito desse assunto sabe que a maconha não é uma droga que
fortalece sistematicamente o narcotráfico e muito menos a que agrava rigorosamente os problemas
sociais nos países. Drogas muito mais viciantes como a cocaína e o crack é que,
de fato, mantêm e ampliam o poder e renda dos traficantes. A dependência dos
usuários em relação a essas duas drogas, por exemplo, é realmente a grande
preocupação. Ambas podem causar sérios problemas físicos e psíquicos ou mesmo
matar o dependente químico.
Há quem diga
que a maconha é uma droga mais leve, porém abre portas a outras mais pesadas.
Ora, se isso é verdade, o que leva ao uso da maconha? O cigarro? Então que se
exija do Estado o veto à venda do cigarro. E aproveitando carona no assunto,
que se proíbam também bebidas alcoólicas.
Não faço aqui a defensoria da descriminalizarão da maconha. Estou, na verdade, discordando de
argumentos tão falaciosos como os de Ferreira Gullar. A verdade não é minha,
mas certos equívocos são inaceitáveis, ainda que façam parte de uma opinião.
Por mim, dever-se-ia proibir cigarro, maconha e tantas outras drogas, caso
realmente a preocupação governamental seja a dependência e a saúde das pessoas.
Tais drogas são nocivas à saúde e o prazer dado é ilusório e efêmero.
Aceitar falácias como a de Gullar é desviar o foco do real problema das drogas e
encobrir que cigarro e álcool também são drogas preocupantes.
Caso seja
verídico o desejo do Estado em combater o consumo de drogas, ele precisa atacar
mais efetivamente o comércio delas na fonte. Vigiar melhor as fronteiras e
aumentar o rigor legal contra traficantes é o caminho mais lógico nessa guerra.
Sem o produto não há o uso. Combater o usuário com opressão e fichamento é
certamente mais ineficaz do que combater o produto.
Vitor
Miranda
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