É evidente que sim.
É notável que cada vez mais elas estão presentes nos principais jornais do país, em livros didáticos e também em vários exercícios de vestibulares. Isso só prova seu caráter de qualidade e importância.
A tirinha apresentada no início desse texto corresponde ao personagem Calvin e foi publicada neste sábado (26/06/2010) no jornal O Estado de S. Paulo.
Nela podemos destacar alguns pontos interessantes, principalmente para professores de língua portuguesa: o conteúdo e a linguagem.
Observamos nela que ela pode ser um ponto de partida para uma interessante aula de interpretação de texto, inicialmente. Dela podemos extrair dois assuntos muito pertinentes na atualidade: o primeiro é a televisão, o segundo, a família.
Notamos que a preocupação maior pela televisão está na criança, aqui representada pelo menino Calvin. Para ele, o jantar não importa assim como a televisão. Isso ocorre, e cada vez com maior frequência, porque várias técnicas são utilizadas para atraí-las. Primeiramente, é mais fácil convencê-las por se tratar de um público sem muita capacidade para discernir o que é bom ou ruim. Segundo porque, como diz Calvin, um monte de gente faz isso (ver tv durante o jantar). A criança é aquela história: “macaquinho vê, macaquinho faz”. Ela ao ver outros fazerem, também quer fazer, num claro exemplo da sua enorme fragilidade em ser manipulada.
Outra temática apresentada nessa tirinha é a respeito da família. Aqui podemos relacionar o aspecto televisão / família. Enquanto o pai considera que o jantar é uma oportunidade de relacionamento familiar, a criança não dá a mínima para isso. O que ela não quer perder de maneira alguma é o seu programa.
O discurso do pai parece ser de um psicólogo. Vemos que o autor da tirinha dá a voz de um especialista no assunto (relações familiares) ao pai para educar o filho, demonstrando a ele valores importantes da convivência familiar.
Um outro aspecto importante dessa tirinha é a linguagem. Temos uma situação banal, o jantar, e nela há uma representatividade do coloquialismo. Vemos que há o uso intenso de locuções verbais, termos informais (a gente) e a quebra da regência verbal do verbo “assistir”.
Podemos atribuir esse uso linguístico a dois fatores: primeiro à situação informal da família ligada ao local em que estão, segundo à criança, que em sua formação vai aprendendo a usar os dois aspectos da linguagem verbal, a formalidade e a informalidade.
Portanto, é cada vez mais explícito que as tirinhas são de grande importância como elemento de expressão linguística e até de questões sociais. Além disso, não precisamos lê-las exclusivamente com uma intenção didática e pedagógica, podemos encará-las também como uma diversão, afinal, fazer rir também é um dos seus propósitos. E rir, meus amigos, não faz mal a ninguém.
Vitor Miranda
2 comentários:
Concerteza. Gosto muito de tirinhas em vestibulares e, felizmente, com frequência, elas vêm aparecendo. Elas nos passam algo muito mais do que graça, mas sim críticas à atual sociedade, à perda dos valores morais.. Enfim, viva as tirinhas!
é isso aí meu querido amigo-professor Vitor!
compartilho contigo o gosto pelas tirinhas, e, Calvin dispensa comentários!
cabe agora aos nossos leitores boa vontade para deixar a tv, msn e derivados de lado para prestar mais atenção a esses textos verbais e/ou não verbais que, com certeza, são tão ricos!
forte abraço,
continue sempre alimentando seu blog (lê-se sempre que possível)- ele é raro e inspirador.
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