O
Romantismo notabilizou-se, entre outros, pelo culto ao passado. Para o
romântico, o passado é o tempo a ser exaltado, é nele em que os fatos, bons ou
ruins, estão alojados. Pois bem, e na noite de 7 setembro último, o meu passado
juvenil caminhou ao bar D. Pedro, na rua 7 de Setembro, em Ribeirão Preto ,
para me trazer um dos integrantes da Legião Urbana, banda esta que configurou
completamente a minha vida. Lá estava o eterno baterista legionário Marcelo Bonfá.
Bonfá
distribuiu carisma e nostalgia a todos. Cantou, tocou, bebeu (mas não se jogou
na Lagoa como o personagem do Manuel Bandeira).
De
repente, estava ali um músico que alimentou, junto com seus companheiros de
Brasília, uma geração e outras vindouras com músicas sentimentais e políticas.
Pensei: por que não temos mais bandas e músicos atualmente com essa mística e
talento? Sim, mística! A Legião sempre foi uma banda mística, daquelas que você
ama e não quer dar explicação por que ama, afinal, amor não tem e nunca terá
explicação.
Sinto-me
um privilegiado por ter na minha juventude e formação o talento sonoro da
Legião. Ver o Bonfá tocando a menos de 3 metros de mim era algo imaginável. Senti-me
uma criança recebendo o presente tão sonhado e pedido. Confesso que, ao ouvir o
Marcelo tocando e cantando “Tempo Perdido”, emocionei-me de forma abrupta. Foi
minha maior emoção musical até hoje. As lágrimas vieram.
Nosso cenário musical atual, infelizmente,
furta descaradamente a oportunidade de se ter músicas do calibre da Legião
Urbana. O que se tem é um padrão minusculamente estabelecido. Não se dá chance
para que a qualidade seja o carro-chefe. Democratizou-se a música, mas
amputaram o talento (pelo menos na grande mídia). Assim, é facilmente explicável
por que ainda aplaudimos de pé Bonfá e outros tantos que vieram das gerações de
60, 70 e 80.
Por
muito tempo estaremos celebrando Chico Buarque, Raul Seixas e Legião Urbana. Comparado
a hoje, o passado, indiscutivelmente, distribuía talentos às pencas. O público
era mais exigente e, talvez, mais carente em questões políticas.
Queria
que a noite desse 7 de setembro fosse mais longa, porém a ampulheta não para,
sua areia escoa sem regras. Ela não se importa se o momento é bom ou ruim. Por
outro lado, é bom que o tempo passe. Dessa forma, cria-se o passado e nasce em
nosso coração o Romantismo com seus brilhos nostálgicos.
Diante
de todo o Romantismo até aqui exposto e vivido, pego emprestados alguns versos
do romântico Casimiro de Abreu e os torno pessoais, meus:
Oh!
Que saudades que tenho
Da
aurora da minha vida,
Da
minha ADOLESCÊNCIA querida
Que
os anos não trazem mais!
Vitor Miranda
2 comentários:
Belo texto...esse literalmente não foi um TEMPO PERDIDO..."FORÇA SEMPRE"
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